O governador do Paraná, Beto Richa, só
causou desgosto ao Brasil essa semana. Não vou me deter
aqui no que todos já sabemos: que ele não entende, em absoluto, a importância
do professor na sociedade. Que não lhe caiu a ficha de que NÃO EXISTE QUALQUER PROFISSÃO SEM QUE HAJA
PROFESSORES. Que o mais simples profissional se tornou profissional por algum
dia ter tido um professor. Que até ele, que é um fracasso no que faz, só chegou
a ter chance de ser esse fracasso porque, algum dia, teve professores. Que, em
seu caso, não tiveram sucesso, mas muito provavelmente por mérito dele e não dos
que tentaram lhe ensinar qualquer coisa. Enfim: não entendeu que, dos
profissionais, os professores são, possivelmente, os que mais merecem respeito.
Muito já se falou nos últimos dias sobre esse
lamentável e chocante episódio. Vou me deter aqui apenas em uma declaração
desse infeliz governante, porque ela pode passar despercebida aos mais
incautos, mas depõe tão intensamente contra ele e expõe tão claramente seus
nefastos objetivos, que merece maior atenção.
Defendendo não ser necessário um
diploma de curso superior para o ingresso na polícia militar, em entrevista à
rádio CBN Richa afirmou que "a outra questão é de insubordinação também, a
pessoa com curso superior muitas vezes não aceita cumprir ordens de um oficial
ou um superior com uma patente maior". Posteriormente, em outra
entrevista, tentou lançar uma desculpa esfarrapada, dizendo, várias vezes, que
cometeu um "ato falho".
Realmente, cometeu um ato falho.
Deixou escapar o que pensa: que quer que policiais militares sejam acríticos,
não pensem por conta própria, para ter, assim, a garantia de que obedecerão sem
questionar. O que me leva a crer que sua intenção é de dar ordens que não
seriam acatadas por pessoas de bom senso! Ordens absurdas, como a de baixar o
cacete, meter bala de borracha, spray de pimenta, jatos de água e até recorrer
a helicópteros para fazer um bombardeio aéreo de talco em
professores! Se todos os policiais militares tivessem bom senso
teriam agido como aqueles 50 que se negaram a agredir os manifestantes e foram,
por isso, exonerados. A minha conclusão pessoal só pode ser uma: a de que esse
homem não pode ter poder.
O episódio do massacre dos professores no
Paraná, que teve mais de 200 vítimas, mas que deixou feridos todos os
professores do Brasil, todos os brasileiros e também a democracia, por seu
caráter violentamente ditatorial e pelo imenso desrespeito à população, que
elege pessoas para representá-la e não para impor-lhe seus próprios interesses
à força, já ficou na história. E espero, sinceramente, que ainda tenha um
desfecho positivo para todos os brasileiros, porque, se tivermos que acreditar
que é possível elegermos alguém para depois sermos calados à força e combatidos
como em campo de guerra, perderemos a fé, realmente, em tudo. #ForaBetoRicha!!!
Ana Lucia Sorrentino